A poesia da puta falida
Desmerecida nessa terra de ida
Puta de corpo
Puta de alma
Quando nasceu
Mamãe olhou e falou
“Saiu morena
Da boca pequena
Bonita que só vendo
Mas mulher que é mulher o que quer
Que faça de puta não passa.”
Se criou na vergonha
Dos vencidos
Em desacordo com a conveniência
Em terra de pouca crença
Logo se fez desinocente
Incompleta era se puta não fosse
Ganhou experiência
Até subiu na vida!
Meretriz chegou a ser
De um só da manhã ao anoitecer
Sofreu com a solidão
Não gozou
De nada gostou
Logo a puta percebe
De felicidade a vida não é
Safada de qualquer um
Com gosto voltou a se fazer
Dividiu a infelicidade com a solidão de viver
Um ménage fenomenal deu ali de ser
Mas na tua cama permanece quem lhe apetece
Fodida, infeliz e falida conformou se manter
Uma vez que na tua vida quem manda
É aquela parida da sina marcada
Desde o parimento narrada
Em nada mais que uma puta
Agora libertada.